terça-feira, 4 de agosto de 2009

Paris II

Já que uma viagem de Delft a Paris equivale uma de Porto Alegre a Florianópolis, vamos aproveitar. Ir da Holanda à França é choque e tanto: da frugalidade calvinista ao refinamento do gosto e da arte de bem viver de Paris há um oceano de diferença - surpreendente para uma distância tão pequena. A ponte (se fosse possível ter uma ponte cruzando um oceano) seria a Bélgica.

Alguns pontos novos foram explorados: a torre Montparnasse, que apesar de ser em si mesma feia, oferece uma magnífica vista da cidade (segundo vídeo abaixo) e o castelo de Versailles, sede da realeza francesa à época da monarquia, com seu gigantesco jardim real. Outros foram revisitados, como o Arco do Triunfo; como pode ser visto no vídeo abaixo, triunfo mesmo é chegar ao arco - o primeiro vídeo abaixo foi gravado no ponto mais fácil de atravessar a avenida: os franceses gostam de tirar sarro de turistas?

Indo à França também se tem certeza de que os restaurantes holandeses são extremamente caros: um prato de moluscos que custa 10,50 euros em Paris, em pleno Montmartre, custa 16 em Delft.

Uma constatação: os franceses parece que se renderam ao inglês. Mesmo com o meu francês que não é ruim, alguns me respondiam na língua que antes era esnobada.



sábado, 25 de julho de 2009

Sinal de Menos #2

Já está no ar a revista Sinal de Menos #2. Seguem a capa e o editorial.


Editorial
Eis o nosso segundo número de Sinal de Menos. Muito do que se pode dizer sobre os textos dessa edição está simbolizado em sua capa, composta por Felipe Drago: enquanto a produção obstinada e infinita de mercadorias vai transformando o planeta num imenso monturo de lixo, os cadáveres humanos do trabalho e do dinheiro contemplam, acossados pelo tempo abstrato da valorização, cada vez mais sem lastro, a sua própria ruína enquanto sociedade, história, cultura, subjetividade e espaço social e natural. Aliás, esse último aspecto do desastre capitalista, quase ausente em nosso primeiro número, ganha destaque em pelo menos três textos nessa edição.
A edição abre numa ENTREVISTA com Roger Behrens, um ensaísta e crítico social alemão, autor de vários escritos sobre Marcuse, Adorno e Teoria Crítica, além de editor da revista Test Card e colaborador das Revistas Streifzüge e Krisis. Os assuntos circulam pela herança frankfurtiana e a crítica do valor, indo das questões de teoria e práxis até a cultura underground e a música brasileira.
Nossa seção de ARTIGOS abre com o texto de Joelton Nascimento, que é a segunda parte de seu artigo publicado no número anterior: O valor como fictio juris. Em História e Metafísica da Forma Jurídica ele avança algumas hipóteses e questões que desenvolvem a relação problemática e ainda pouco explorada entre a sociedade produtora de mercadorias e suas estruturas de legalidade formal.
O texto de Íris Nery do Carmo, Trabalho e Emancipação: uma análise acerca do Trabalho Feminino no Capitalismo, questiona as condições históricas desiguais de trabalho e assalariamento entre homens e mulheres e os impasses e ilusões da “emancipação” das mulheres, bem como a dos homens, no interior da ordem androcêntrica do capital e do trabalho alienado.
O texto a seguir, de Paulo V. Marques Dias, Economia na base da porcaria: Como o sistema produtor de mercadorias chega ao absurdo lógico da não-qualidade total, aborda a questão da obsolescência programada das mercadorias no sistema capitalista, e põe em questão, amontoando casos e exemplos concretos, a irracionalidade do sistema.
Na continuação, desenvolvendo noutros aspectos esse mesmo tema, temos o texto de Daniel Cunha, que pode ser resumido pelo seu título irônico: Y€$! Nós somos verdes! Produção mais limpa ou sujeira sem fim? Recuperação e revolta dos “excrementos da produção”. A análise crítica de alguns dados selecionados ironiza e confronta a ideologia da chamada “produção limpa” no capitalismo.
O quinto ensaio, de Raphael F. Alvarenga, As vestes negras de Hamlet: a emergência do sujeito moderno como sujeito político, lida com a obra de Shakespeare de forma a indagar como se dá a passagem da indecisão mortificante ao ato possível, isto é, a travessia hamletiana da identificação imaginário-simbólica ao desejo e ao ato de liberdade, que abre um espaço de realizações para além das instituições reconhecidas, processo que o autor do artigo denomina como formação do “sujeito político”.
O último ensaio, O abismo do negativo: Baudelaire e a forma fúnebre da beleza moderna, faz uma leitura crítica da obra do grande poeta lírico a partir dos aportes de Benjamin, Oehler e Sartre, buscando no texto poético uma forma de iluminação de determinadas relações histórico-sociais e psíquicas da modernidade burguesa: a forma fúnebre da beleza é o revestimento interno do cadáver obstinado do sujeito moderno, que, como em Hamlet, só passa a existir como subjetividade possível na crítica aos valores e referenciais simbólicos e imaginários estabelecidos.
A terceira seção, continuando nossa linha editorial, contém algumas TRADUÇÕES: um texto de Guy Debord (O planeta enfermo) e três pequenos textos de Franz Kafka, salvo engano, ainda inéditos em livro no Brasil.
A última seção, dedicada a LEITURAS E COMENTARIOS, contém reflexões críticas sobre um livro recente de José M. Wisnik sobre o futebol na sociedade brasileira; uma resenha sobre um livro de Adriano A. Ferreira sobre questões históricas do direito burguês, Estado e marxismo; por fim, uma resenha sobre um antigo mas importante ensaio de Moishe Postone, em torno da questão do tempo abstrato, do valor de uso e do sujeito na sociedade moderna.

Julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Fotobioreatores

Esse vai ser o tema de minha pesquisa de mestrado. Mais especificamente, determinacao da taxa maxima de nitrificacao em um consorcio de microalgas e bacterias nitrificantes em fotobioreatores. Um fotobioreator eh um sistema natural de tratamento de efluentes liquidos, porem com uso de tecnicas de engenharia, de forma a promover a remocao de poluentes como as lagoas de tratamento, porem com concentracao de algas muito mais alta, o que dispensa aeracao artificial - a fotossintese fornece o oxigenio necessario as bacterias - e diminui a area necessaria. Na pratica pode ser, por exemplo, um reator tubular com paredes translucidas. A pesquisa sera em escala de bancada (laboratorio), possivelmente acompanhada de uma modelagem matematica simples.

Football

Na ultima quinta-feira ah noite das 18 as 23 horas foi disputado o torneio de futebol do IHE, no campo da TU Delft. As equipes (onze no total) podiam ser organizadas por pais, continente ou curso, mais os times de professores e de instituicoes relacionadas. O time da America (Latina) pelo qual joguei ficou em quarto lugar, o que nao eh exatamente um desempenho extraordinario considerando que nas sete edicoes anteriores havia sido campea quatro vezes. A decepcao foram os African Lyons, que eram favoritos mas nao passaram da primeira fase. (Muitas reclamacoes contra a tabela, entretanto, que lhes reservou cinco jogos seguidos, enquanto todos os outros times jogaram no maximo duas seguidas). A equipe contou com o brasileiro aqui, dois peruanos, um boliviano, um venezuelano, um mexicano, um nicaraguense, uma uruguaia, uma boliviana, e como agregados um frances e um estadunidense. Duas mulheres, pois as regras exigiam presenca de uma mulher em campo durante todo o tempo (uma equipe chegou a jogar com tres mulheres em derminados momentos, e ficou em terceiro lugar; no centro esportivo da TU Delft, onde o torneio foi disputado, eh muito comum ver mulheres jogando futebol). Para rachar de vez com os preconceitos, o melhor e mais tecnico jogador da equipe era o estadunidense.

Gent

A ultima viagem de final de semana foi a Gent, na Belgica. Gent fica em Flandres, ou seja, na regiao de lingua holandesa. A cidade confirma a impressao deixada por Bruxelas de que o belgas gostam mais de apreciar a vida do que os holandeses, mesmo na parte de lingua holandesa. Isso se ve na arquitetura, na culinaria, etc.

Gent como cidade eh uma das mais interessantes que jah visitei, com um centro historico muito bonito, sem se transformar em um museu a ceu aberto (como muitos dizem que eh Brugges): eh uma cidade viva, com muitos estudantes. Foi escolhida pela revista National Geographic Traveler como a terceira melhor localidade historica do mundo. Na catedral eh possivel ver o painel "A adoracao do cordeiro mistico" (Hubert Van Eyck, 1432), onde esta contida toda a teologia crista.

Um ponto de muito interesse na Belgica eh a cultura da cerveja. Ao contrario do que acontece na Holanda, onde ha apenas meia duzia de grandes cervejarias, na Belgica ha centenas de pequenos produtores. Entre elas as "trappisten bier", que sao elaboradas por monges. Cada cerveja tem o seu carater particular e devem ser apreciadas, nao apenas sorvidas com o proposito de embebedar-se. A Westvleteren e a Delirium Tremens, duas que foram consideradas a melhor cerveja do mundo, foram apreciadas. A primeira eh elaborada por monges que produzem apenas o suficiente para manter o monasterio, o que a torna rara (e cara). Nao eh exagero comparar a cultura da cerveja na Belgica com a cultura do vinho na Franca. Em muitos pubs ha centenas de opcoes, entre claras, escuras e uma intermediaria que eles chamam de hamburg.















segunda-feira, 6 de julho de 2009

Are you from India?

Essa foi a primeira pergunta que eu ouvi na Holanda. Ainda no aeroporto. O curioso era indiano.

Hoje a cena se repetiu: "Excuse me... My name is xxx, I'm here for a short course... are you from India?" Nesse meio tempo houve pelo menos mais um indiano e um holandês que me perguntaram: "are you from India?" Já estou quase convencido.

Segundo o colega que me fez a pergunta no aeroporto, na cidade de Hyderabad todos se parecem comigo. Vou ter que ir lá depois dessa temporada européia.


sábado, 4 de julho de 2009

Gouda

Gouda (pronuncia-se "rráuda") é a cidade que dá nome ao queijo famoso. Na verdade o queijo era historicamente comercializado em Gouda, mas produzido em outras cidades da região. O "mercado de queijos" existe há trezentos anos, mas hoje mais como um simulacro para turistas, já que a produção é toda sob encomenda. A Holanda já foi o maior exportador de queijos do mundo.


No mercado é possível ver demnostrações da produção do queijo e comprar boerenkaas, ou queijo dos fazendeiros, que é feito com leite cru. E é muto bom.