terça-feira, 23 de junho de 2009

Vaca holandesa?

Na Holanda, a origem da famosa vaca malhada é melhor especificada: ela é chamada de "vaca frísia" [friese koe]. A Frísia é uma província no extremo norte da Holanda.

Dias longos

Por aqui os dias estão muito compridos. A noite só fecha lá pelas meia-noite. A foto abaixo foi tirada às 22:45 (e parece mais escura do que a cena real).



Dá para entender melhor porque se fala aqui que muitos sofrem de "depressão de inverno", quando a situação se inverte.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Limburgo

Apos a fieldtrip pela Alemanha, tres dias de fieldwork no Limburgo, a provincia mais ao sul da Holanda. Lah existem algumas colinas que eles chamam de "montanhas" - mas eh o suficiente para deixar a regiao com uma paisagem diferente. Tambem a cultura: por lah se veem imagens catolicas - coisa impossivel de se ver no norte, arquitetura e culinaria um pouco diferenciadas, e ate um dialeto, o limburgues.

Voltar pela terceira vez a Maastricht produziu uma sensacao diferente. Jah estava me sentindo como um Casanova das cidades - flerto com varias, nao me estabeleco em nenhuma; rever Maastricht e o rio Maas foi como reencontrar uma beleza conhecida.

Desta vez tambem fui a cidades menores (Valkenburg, Gulp) e a zona rural, onde pude ver, por exemplo, plantacoes de trigo que darao origem a uma boa cerveja em Gulp.

domingo, 14 de junho de 2009

Haia: praia, festa do haring, jazz e bicicleta

Uma cidade que nao tinha merecido muito minha atencao ate agora era Haia (Den Haag), talvez por ser um lugar com muitos politicos (questao de assepsia).

Mas em Haia fica a praia de Scheveningen, a Tramandai dos holandeses - nao fosse a agua gelada do Mar do Norte, talvez Scheveningen fosse melhor. A pronuncia do nome eh complicada, tanto que era usada para detectar alemaes durante a guerra. Lah eh possivel ver coisas interessantes , como muculmanas na praia vestidas da cabeca aos pes lado a lado com holandesas nativas de top-less, surfistas holandeses (bom nome para uma banda ruim: "Surfistas da Holanda") ou mulheres jogando "hoquei de praia".

Nesse dia em Scheveningen foi celebrado o Vlaggetjesdag (Dia das Bandeirinhas). Eh a festa do inicio da temporada do haring. Os barcos pesqueiros sao enfeitados com bandeiras e uma grande feira eh montada com muito peixe cru.

Na volta para Delft, passamos pelo Jazz in de Gracht (jazz no canal), um festival onde as bandas tocam em botes dentro dos canais.

Tudo esse percurso foi feito de bicicleta (aproximadamente 30 km no total). No caminho, belas paisagens e o tribunal internacional de Haia.















sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mooi Weer Spelen (?)

Este eh o nome do festival de teatro de rua de Delft - literalmente significa algo como "jogos do tempo bom", em alusao ah chegada da primavera ("te spelen", assim como o ingles "to play", pode ser traduzido como "jogar", "brincar" ou "representar"). O problema eh que o tempo na Holanda sempre eh ruim, pelo menos em potencial. O festival foi de sexta a domingo; no domingo choveu o dia inteiro.


domingo, 7 de junho de 2009

Parido de Geert Wilders é o que mais cresce

Nas eleições holandesas para o parlamento europeu (que aconteceram antes do resto da Europa), o assim chamado "Partido da Liberdade" (PVV), do líder populista Geert Wilders, foi o partido que mais cresceu, pulando de nenhuma para quatro cadeiras (de um total de 25 assentos holandeses). O PVV foi considerado o grande vencedor da eleição, apesar de o mais votado ter sido o CDA (o partido do primeiro-ministro Balkanende, tão conservador que tem "cristão" no nome), com 5 cadeiras (perdeu duas). O maior perdedor da eleição foi o PvdA (Partido do Trabalho), que baixou sua representação de 7 para 4 deputados.

Alguns analistas dizem que na eleição européia da Holanda ocorre uma polarização os pró e os anti-Europa. Os prós seriam cosmopolitas e interessados em questões como meio ambiente, os anti seriam nacionalistas e preocupados com segurança e imigração. Os dois partidos que mais cresceram foram o PVV (anti) e o D66 (pró), dois partidos que não são tradicionais como PvdA, CDA ou VVD. Outros destacam a divisão na Randstad (a conurbação formada por Amsterdam, Rotterdam, Utrecht e Den Haag): em Rotterdam e Den Haag o PVV se afirmou, enquanto em Amsterdam e Utrecht o PvdA (Partido do Trabalho) e o GroenLinks (Esquerda Verde) se saíram melhor. Amsterdam e Utrecht são consideradas cidades mais cosmopolitas, com grandes universidades e os chamados "trabalhadores criativos", enquanto Rotterdam é estereotipada como cidade de estivadores e banqueiros.

Com um governo cristão em casa e uma bancada com forte peso populista em Bruxelas, pode-se ver que a onda conservadora na Holanda é forte, e parece que foi insuflada pela crise do capitalismo financeiro. O fascismo está sempre à espreita no capitalismo.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hora do rush

Os vídeos abaixos foram feitos em Utrecht, quinta-feira ao final da tarde, mas poderiam ter sido filmados em qualquer cidade da Holanda. Imagine-se se cada bicicleta dessas fosse um automóvel ocupando espaço público e peidando poluição...

(Enquanto isso, em uma província de um país periférico, muitos ainda comemoram a instalação de uma fábrica de automóveis, a mais destrutiva e moribunda das indústrias do século XX. Uma comparação válida talvez só possa ser buscada no campo da patologia: esquizofrenia, esclerose, necrofilia e afins).

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Giro alemão

A viagem de campo pela Alemanha incluiu no roteiro estadias nas cidades de Essen, Berlim, Colônia e Koblenz.

No vale do Rio Emscher foi visto o trabalho de recuperação patrocinado pela Emscher Genossenschaft. O Rio Emscher foi durante décadas sacrificado como o esgoto a céu aberto da região do Ruhr, a mais industrializada da Alemanha. Foram visitadas minas recuperadas (com direito a tratamento estético com obras de arte) e a estação de tratamento de esgoto, que trata também 30% da água do rio. A região passou nas últimas décadas pelo que eles chamam de "mudança estrutural", sofrendo uma metamorfose de região industrial para região de serviços.





No LANUV - agência do estado do Nordrhein-Westfalen para a proteção da natureza, ambiente e consumidor - palestras introdutórias sobre poluição atmosférica.

Em Lange Bramke e no reservatório Oker, em Braunschweig, foi apresentado o trabalho de pesquisa em bacia de captação da universidade técnica da cidade. A bacia, por ser muito pequena e possuir dados de monitoramento de mais de 60 anos, permite conclusões sobre mudança climática e ciclos hidrológicos.




Na Agência Ambiental Federal (UBA), em Dessau, palestras sobre política energética e poluição sonora, e tour pelo prédio da agência, construído com conceitos ecológicos de energia, climatização, iluminação, etc.




Na FSA, estação experimental da UBA, foi feita visita em simuladores piloto de cursos d'água e lagos, que permitem emular ambientes aquáticos.




No Parque Paisagístico Goitzche foram visitadas áreas recuperadas de mineração, incluindo uma mina de lignita transformada em lago, de uso recreacional e paisagístico.



Em Potsdam foi visitado o PIK - Instituto para Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam - em cujo campus está uma torre de observação projetada por Albert Einstein para provar sua teoria da relatividade.


Na sede da Bayer em Leverkusen foi possível visitar a área de produção e de tratamento de efluentes, com destaque para as torres biológicas, configuração diferente do sistema de lodo ativado. Abaixo fotos da maquete e do equipamento industrial, que tem 33 metros de altura.




Uma palestra sobre Spreewald, a wetland onde nasce o Rio Spree, que se dirige a Berlim, foi ouvida em passeio de barco.


Na Comissão Internacional para a Proteção do Rio Reno, foi apresentado o trabalho da comissão que, entre outras coisas, pretende repovoar o rio com salmões. A Holanda historicamente recebia a poluição do Reno gerada em áreas industriais da Alemanha, Suíça e França. A qualidade das águas já é boa, mas o problema com os sedimentos permanece.



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Impossível deixar de observar que nos casos do Rio Emscher, de Goitzsche e do Rio Reno, grande parte da recuperação ambiental se deu devido à transferência da poluição da Europa para outros países (China, Brasil, etc.), e que a recuperação é apenas parcial (a exaustão dos recursos e a emissão de gases estufa, por exemplo, não são revertidas).



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No tempo livre foi possível conhecer um pouco de Berlim, Essen, Colônia e Koblenz.


Berlim é uma cidade muito atrativa. Como Rotterdam, sofreu muitas cicatrizes com a guerra, mas soube recuperar-se muito melhor. Rotterdam é brega, Berlim não. A torre desponta no centro da cidade; o parlamento alemão, com sua cúpula panorâmica toda em vidro, merece uma visita, e a igreja parcialmente destruída não foi reformada para lembrar a destruição da guerra. Perto do Checkpoint Charlie, um painel a céu aberto comete uma aberração histórica: em texto dedicado às revoltas de 68, a rebelião francesa não é citada; seria difícil relacioná-la com a resistência ao "comunismo". Mas o capital não tem preconceitos: bandeiras da União Soviética tem amplo espaço nos quiosques de quinquilharias turísticas para saciar a sede dos estalinistas saudosos.








Em Colônia, que foi quase totalmente destruída pelos bombardeios aliados, é possível ver a impressionante catedral no centro da cidade e a bela orla do Reno.





Koblenz é uma pequena e agradável cidade às margens do Reno e do Mosel, em uma região repleta de castelos e vinhedos.





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A julgar pelos contatos superficiais que tive, os alemães me pareceram gente boa. Um deles nos efereceu carona quando tudo indicava que teríamos que caminhar uma hora em beira de estrada, pois não havia mais ônibus da vila onde estávamos para o hotel (era o cozinheiro do restaurante onde jantamos); outro serviu de guia voluntário para chegarmos ao centro de Berlim.

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Comparando com a Holanda, a Alemanha leva vantagem na comida: pela metade do preço, o dobro da quantidade, com mais sabor. No entanto, as holandesas são mais belas do que as alemãs.