sábado, 31 de janeiro de 2009

Ajax 0x1 Heerenveen

Segunda incursão em estádios holandeses, desta vez na Amsterdam Arena do Ajax. A Arena é um estádio que mais parece um shopping center, tem até escada rolante. Tudo bonito, novo, confortável e funcional, mas há algo de frio naquele estádio, no entanto, que me faz dizer que o velho reformado De Kuip é melhor. Em parte, talvez, isso se deva à torcida - a do Feyenoord é mais calorosa. A entrada em campo (vídeo abaixo), não chega a ser fria, há uma certa alegria, mas parece algo contido e tímido comparado com um estádio no Brasil. No De Kuip, é algo intermediário entre os dois.

Na entrada do estádio, ganha-se uma revista do Ajax, especial para o jogo. Nela, duas declarações que dizem muito sobre a maneira holandesa (e especificamente ajacied) de pensar e jogar o futebol - sobrou para os italianos, adeptos do catenaccio (para nós, retranca). A primeira, de Johan Cuijff, no contexto da promoção de um jogo contra a Fiorentina pela Copa da UEFA: "Os italianos não podem nos vencer, mas nós sim podemos perder para eles". A segunda, de um torcedor, em uma seção entitulada "com a palavra o torcedor". À provocação "O ajax para mim é..." ele responde: "Futebol. O Ajax joga o jogo de acordo com o seu significado, como deve ser jogado. Você vai ao estádio para ver o jogo atraente do Ajax. Não consigo entender como os italianos podem ser fanáticos por futebol. A sua maneira de jogar realmente não é para ser vista!".

Na torcida do Ajax, vários cânticos falando em superjoden - superjudeus. Uma bandeira de Israel. Pergunto o porquê a um torcedor e ele diz com toda a convicção: "porque o Ajax é um clube judeu". David Winner dedicou um capítulo em seu livro sobre o futebol holandês só para falar sobre isso. Lembra que Amsterdam sempre abrigou judeus. Diz que a antiga sede do Ajax ficava em um bairro adjacente a um bairro judeu, e por isso muitos judeus freqüentavam o clube. Mas que o Ajax, como instituição, nunca foi judeu. Michel van Praag, recente ex-presidente, disse que "o Ajax não é um clube judeu, e estes torcedores são tão judeus quanto eu sou chinês". O pai dele também foi presidente do Ajax, e era judeu. Os judeus que não viveram a guerra parecem não se incomodar, mas Bennie Muller, ex-jogador judeu do Ajax, que teve familiares mortos durante a guerra, diz: "Às vezes, quando estou sentado no estádio e ouço aqueles loucos gritando 'Nós somos super-judeus' e 'Judeus são os campeões', é tão ruim que eu simplesmente levanto e vou embora. E quando o Ajax joga contra o Feyenoord em Rotterdam... bem, não irei mais àqueles jogos". (Além do canto "Hamas, Hamas, judeus para o gás!", os torcedores do Feyenoord também produzem um zumbido em uníssino - a intenção é imitar o som de uma câmara de gás). Duas hipóteses são aventadas para o mito do Ajax judeu: resposta ao anti-semitismo dos adversários; e complexo de culpa pela ausência dos judeus de Amsterdam que morreram em campos de concentração, não sem a colaboração de holandeses.

Enfim, o que eu acabei vendo mesmo na Arena foi o Heerenveen, de novo. Não deve ser comum que um time vá a Rotterdam e Amsterdam e ganhe do Feyenoord e do Ajax no espaço de onze dias. Tá certo que o Feyenoord vinha em crise e está tendo uma campanha decepcionante na temporada (está em 14o. lugar no campeonato holandês); mas o Ajax é o vice-líder, e jogava para aproximar-se da ponta da tabela. O Heerenveen, que está em quarto no campeonato (a posição ideal, segundo uma filosofia do clube exposta em um post anterior), com um dos melhores ataques e uma das piores defesas, mais uma vez mostrou um futebol destemido, com atacantes habilidosos e inteligentes combinações ofensivas. Nos primeiros 25 minutos, o Ajax tentou tomar a iniciativa; a partir dali, o Heerenveen começou a jogar melhor - mas na verdade o primeiro tempo foi sonolento. No segundo, logo no início, um meia do Heerenveen faz um ótimo lançamento, deixando o atacante na cara do gol. O zagueiro faz falta e é expulso (era o último homem). As coisas ficaram mais fáceis para o Heerenveen, que acabou fazendo um golaço de falta com Daniel Pranjic (com esse nome tinha que ser bom; não deve durar muito tempo no Heerenveen). Filmei o lance da falta e o gol, estão aí embaixo. No final do jogo, alguns torcedores do Ajax aplaudiram os jogadores - do Heerenveen, quando eles foram saudar sua torcida.


Escadas rolantes para acessar o estádio



A grama que tem que ser trocada de três em três meses (colocaram cobertura na arena, mas esqueceram que grama precisa de sol)



A torcida, com uma bandeira de Israel (difícil de ser visualizada nesta foto)




Sob o domínio do princípio de desempenho II

Semana que vem, serei testado quanto ao conhecimento dos seguintes assuntos: microbiologia, hidrologia, ecologia, química ambiental, estatística, modelagem ambiental e sistemas de informação geográfica. Só isso.

Festival de cinema

Rotterdam está toda enfeitada para o International Film Festival Rotterdam. Vergonhosamente - em parte por esquecimento, em parte por excesso de trabalhos escolares - não prestigiei. Fica para o ano que vem. Leio no jornal que os Tiger Awards foram para três filmes asiáticos: Be calm and count to seven, de Ramtin Lavafipour (Irã); Breathless, de Yang Ik-June (Coréia do Sul) e Wrong rosary, de Mahmut Fazil Cosksun (Turquia).







Bicicletas, cães, obesidade

Os holandeses gostam muito de bicicletas, e também de cães. A probabilidade de que um holandês ou holandesa goste simultaneamente de cães e bicicletas é muito alta. Mas eles não se fazem de rogados. Se for um cachorro pequeno, talvez coloquem o bicho em uma cestinha acoplada à bicicleta. Se for grande, vai na coleira mesmo. Isso não é incomum por aqui:

Talvez por causa das bicicletas a impressão que se tem é que aqui há bem menos obesos do que em Porto Alegre. Não apenas pessoas obesas, mas também cães obesos.

Aniversário da rainha

A rainha Beatrix completou neste sábado 71 anos. Nada mudou, a não ser as bandeiras hasteadas, com uma faixa laranja, inclusive nas igrejas (monarquia e religião, argh!). Difícil é entender como é que os holandeses (em outros aspectos tão pós-modernos) podem gostar de algo tão atávico quanto uma família real. Mas verdade seja dita: há uma grande festa, o dia da rainha, em maio, que é comemorado no aniversário da rainha anterior (Juliana). Eles preferiram não mudar a data da comemoração do Koninginsdag, porque em janeiro é muito frio para fazer festa nas ruas. Quer dizer, podem até gostar da rainha, mas que não faça aniversário no inverno!










quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

No meio da Legioen

O vídeo abaixo não fui eu que fiz, mas, a julgar pela posição, é quase certo que foi filmado por um cara que estava bem à minha frente. Já era segundo tempo, 1 ou 2x0 para o Hereenveen.

Empresas holandesas demitem

Conseqüência da crise financeira, as grandes empresas "holandesas" estão demitindo em massa nos últimos meses. O gráfico abaixo mostra isso (o asterisco corresponde a demissões mundiais):

Enquanto o mundo for capitalista, a tendência é que estas crises se repitam, com intensidade e freqüência cada vez maior - a socidade do trabalho que desenvolveu as forças produtivas a ponto de tornar o trabalho supérfluo corrói seus próprios fundamentos. Esta crise era perfeitamente previsível, como o fez Robert Kurz em pelos menos dois textos (de 2003 e 2005, links abaixo). Não é feitiçaria, é tecnologia - boa análise marxiana.

Só a revolta dos proletarizados deste mundo pode acabar com isso - a revolta contra o trabalho. Já chegou a hora de vivermos confortavelmente com o trabalho das máquinas - superando o capital, transformando o "desemprego" em ócio abundante.

A segunda bolha financeira (Robert Kurz, 2003)

A bolha do imobiliário (Robert Kurz, 2005)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Qual a coisa mais linda de Amsterdam?

- O último trem para Rotterdam.

Claro que isso é piadinha dos rotterdamers.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Um estrangeiro na Holanda - no século XIX

Hoje descobri, graças à internet, que o jornalista e escritor italiano Edmondo de Amicis também escreveu algumas notas de viagem sobre a Holanda (com mais pretensões literárias do que este blog). O primeiro volume do livro está aqui, e um capítulo do segundo volume (sobre a Frísia), aqui. Há um capítulo sobre Delft. Ainda não li, mas talvez o mais interessante seja o capítulo sobre Rotterdam, que descreve a cidade antes do bombardeio que mudaria sua história para sempre.

Geert Wilders ganha presente da justiça holandesa

A justiça holandesa decidiu que Geert Wilders, deputado holandês pelo PVV, autor do fraquíssimo filme Fitna, deve ser processado por declarações contra a religião islâmica. Apesar de o Ministério Público holandês haver decidido que não o processaria, a Justiça, baseada em um tal de "artigo 12", decidiu que ele deve ser processado - o "artigo 12", ao que parece, atribui ao Tribunal o poder de instaurar um processo, caso o MP não o faça. Ele será processado não por seus discursos no legislativo holandês (a imunidade parlamentar o protege), mas por artigos e entrevistas publicados em jornais.

Obviamente, o homenzinho ganhou as manchetes do dia (22/01). A manchete do Trouw foi "Um político não pode dizer tudo". Ao lado, uma imensa foto da figura (que tem um cabelo ridículo, parece que com gel, penteado para trás) e suas declarações: "Devemos parar o tsunami da islamização. Que nos atinge em nosso coração" (07/10/2006); "Fronteiras fechadas, nenhum islâmico a mais na Holanda e muitos islâmicos para fora" (13/02/2007); "O Corão é o Mein Kampf de uma religião que pretende eliminar as outras" (08/08/2007). No Volkskrant, a manchete foi "Debate sobre muçulmanos aguarda novo teste", com o subtítulo "Processando Wilders: atentado à democracia ou triunfo da liberdade"?

O fascistinha está reclamando que este é um ataque contra a liberdade de expressão. E acho até que tem razão. Se quer falar besteira, que fale, depois se mostra que aquilo é uma besteira, ou, melhor ainda, usamos o bom e velho deboche, o riso. Mas, proibir a expressão de algo com o que parece que não poucos holandeses concordam - Wilders cita os "500 mil eleitores que pensam exatamente como eu", não sem cair no ridículo de dizer que não tem dinheiro para o advogado - isso ajuda em algo? Desde Voltaire isso já deveria estar superado, mas parece que ainda não. Graças à justiça holandesa, Wilders e seu ideário terão grande exposição na mídia por um bom tempo, talvez bem maior do que o seu real peso social.

O contexto disso tudo, como já dito em outro post, é a massiva imigração islâmica na Holanda, onde se misturam questão de classe, de crise do capital e choque de culturas. Dizem que alguns marroquinos, por exemplo, mantém sua(s) mulher(es) trancadas dentro de casa, na Holanda - um enclave pré-moderno em meio à planície pós-moderna holandesa - e que algumas de suas crianças e adolescentes "piram" com a brutal diferença entre a rigidez doméstica e a (relativa) liberalidade das urbes holandesas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Feyenoord 0x3 Heerenveen

Primeira incursão em um estádio holandês: o De Kuip ("A banheira"), do Feyenoord - o primeiro clube holandês a ganhar a Copa dos Campões da Europa, nos anos 70. Ganhou a Copa da UEFA em 2002, mas faz dez anos que não são campões holandeses. Elegante uniforme com camisa metade vermelha metade branca, calções e meias pretos. O ingresso, compra-se pela internet e chega pelo correio, personalizado:


Velho estádio renovado, muitos consideram o De Kuip o melhor e mais bonito estádio da Holanda, melhor do que Arena multidinheiral, digo, multifuncional, do Ajax. Mas isso eu vou conferir depois, não quero ser preconceituoso. De fato, o estádio me pareceu bonito, confortável e voltado para o futebol. Capacidade para cerca de 45 mil pessoas, com meia lotação. Fiquei no setor "popular" - que lá tem cadeiras -, atrás da goleira. Como no ingresso dizia que não podia levar câmera fotográfica, não levei a minha, mas no estádio bem na minha frente tinha um torcedor tirando fotos. Os holandeses parecem ser menos disciplinados que os alemães (felizmente). E importante, a cerveja é liberada.

A torcida do Feyenoord é muito fanática. Levaram três a zero em casa e seguiram sempre apoiando o time, inclusive aplaudiram no final. Diz um torcedor que o Feyenoord é um worker's class team, que tudo o que eles têm é o amor pelo Feyenoord. São conhecidos como legioen (legião), e parece que são meio gremistas, pois valorizam muito a garra e a luta, exigindo "jagen" (algo como "caçar a bola") dos jogadores - ao contrário da cultura de futebol mais técnico do Ajax. Só que ele não falou "Ajax", falou "020" - o código telefônico de Amsterdam -, pois eles se recusam a pronunciar o nome. Dizem que muitos rotardammers nunca foram a Amsterdam, e se recusam a ir. Com alguns cânticos em inglês - we support the Feyenoord boys - e outros citando Rotterdam, a animada legioen é considerada a torcida mais fanática da Holanda, e, me dizem eles, é a maior.

O maior xingamento no De Kuip é chamar alguém de "judeu" (torcedor do Ajax). Pelo menos uma vez se ouviu o odioso "Hamas! Hamas! Judeus para o gás!". Quando o Feyenoord levou o terceiro gol e alguns torcedores começaram a ir embora, foram prontamente xingados de "judeus"; quando a torcida começa a pular, quem não pula é... judeu. O ponto onde termina a piada de mau gosto e começa o nazismo, não me arrisco a palpitar. Mas aconteceu um fenômeno semelhante ao de Porto Alegre: assim como os torcedores do Internacional já se identificam como "macacos", dizem que os do Ajax passaram a identificar-se como os "super judeus". A tal ponto que teriam começado a levar bandeiras de Israel para o estádio - e os do Feyenoord, bandeiras da Palestina. Agora imagine-se a confusão em tempos de guerra. Mas desta vez, pelo menos, não vi bandeiras palestinas. A legioen também tem apelido para os torcedores do PSV - são os "boeren" ou "fazendeiros", mas talvez a melhor tradução seja "colonos", porque Eindhoven não é lá tão grande. O apelido do Feyenoord, vou perguntar em Amsterdam.

Com relação ao jogo, válido pela Copa KNVB (a Copa do Brasil deles), o Heerenveen mostrou que não tem medo de jogar bola, atacar: desde o início foi para cima, mesmo fora de casa. Nenhum espetáculo, mas para quem está acostumado com Celso Roth é um luxo. Ataca com vários jogadores, com muita movimentação e velocidade, boa técnica. Já o Feyenoord, que vinha em crise, com técnico demitido e tudo, parecia um amontoado de jogadores, não um time. Aliás, a demissão ocorreu justamente após uma derrota de 3x1 para o Heerenveen, quatro dias antes, na Frísia, mas pela liga holandesa. Ou seja, em dois jogos recentes o placar foi 6x1 para o Heerenveen.

Estranhamente, não tem jogo de volta, quer dizer, o Heerenveen passou para as quartas-de-final, e o Feyenoord foi eliminado (e seria assim com qualquer placar). Os gols estão nos links aí abaixo. O segundo deles foi através de uma jogada bem holandesa, coletiva e veloz, com direito a passe de letra. Mas o centroavante puxou o zagueiro pelo braço, o que não vi no estádio, e estranhamente zagueiro não reclamou.


0x1 0x2 0x3

O próximo match a ser prestigiado será Ajax x Heerenveen, em Amsterdam.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Estude-se com um barulho desses

Um dos meus colegas por aqui é palestino, de Gaza. Tem família lá. Diz que acha normal baixas entre combatentes, mas se revolta contra os ataques a civis. Diz que um conhecido perdeu parentes em um bombardeio.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Terroristas fazem manifestação em Nova Iorque



Depois disso, quem é mesmo fundamentalista?

Lembrando que o jornalista que produziu o vídeo (Max Blumenthal) é judeu, e Israel também tem os shministim. Isso é para lá de óbvio, mas... sejamos anti-fascistas, não anti-semitas!

Para quem manja inglês, Blumenthal tem outro excelente vídeo, Generation Chickenhawk, onde entrevista universitários americanos fervorosamente apoiadores da guerra no Iraque. Quando pergunta por que não se alistaram...

PS: o cara que faz essas legendas escolhe bem os vídeos, mas desliza nas traduções... não muda o sentido geral do vídeo, mas há alguns erros. Bem no início é dito Long live israel! - "vida longa a Israel", e não "o errado deixe Israel". Quando uma senhora diz Otherwise, no peace, no peace a legenda deveria ser "de outra forma, não há paz, não há paz", e não "sem paz, sem paz". E outras coisas menores que se tiver tempo posto aqui.

Groningen

Aí está uma cidade que me surpreendeu. No extremo norte da Holanda, esperava algo meio inóspito ou provinciano. Mas é uma cidade com uma atmosfera animada, alegre, apesar do tempo chuvoso e cinzento. Uma universidade do tamanho da UFRGS para uma cidade de duzentos mil habitantes. Uma das que mais gostei até agora.

Por coincidência, passei por uma manifestação de solidariedade a Gaza - desta vez com vários nativos. Em uma das ruas comerciais, inscrito em relevo em uma parede lateral: "(weggehaald)" (levados). Trata-se de uma lembrança dos judeus que desapareceram após a Segunda Guerra. (No futuro teremos incrições parecidas na Palestina?).

No anárquico Huis "De Beurs" é possível tomar um café, beber cerveja, almoçar, tomar uma sopa, jogar bilhar, conversar com estranhos ou ler um jornal em meio a gente de todas as idades, tudo isso ao som de jazz ao vivo tocado por músicos coreanos.

Em Groningen está localizado o Stripmuseum - museu dos quadrinhos, mas isso para eles inclui cartunismo - muita coisa boa e ruim misturada.

Em uma das pontes, quatro esculturas do artista Willem Valk, provavelmente os construtores de Groningen: a peixeira, a carregadora de cereais, a vendedora e o construtor de navios. As obras foram concluídas durante a segunda guerra mundial, mas somente após o seu término foi possível colocá-las em suas posições.






O paraíso dos holandeses (mais sobre patinação)

Como já dito em outro post, Os holandeses são loucos por patinação no gelo, especialmente se for ao ar livre - um canal ou lago congelado. Um holandês me diz que, depois do futebol, é o esporte mais popular da Holanda. Indo de trem a Groningen, pego o jornal abandonado e me deparo com uma reportagem de página inteira (padrão Folha de São Paulo) sobre o esporte. Alguns trechos:

Por que patinamos?

“É um festa comunal”, diz Max Dohle, publicista,
expert e praticante de patinação. “É euforia, amor, feira. A patinação é para todos poderem flutuar. É liberdade. E a natureza é tão encatadoramente bela quando se patina com esse tempo. Também por isso patinamos. Considerando a maneira como nos relacionamos com a natureza, estes dias são um imerecido presente”.
(...)


(...) a moral do gelo era diferente daquela do chão firme.

Dohle: “O gelo era de todos. Não havia clubes de patinação cristãos. O gelo era profano. No gelo as pessoas podiam por um momento livrar-se dos estritos preceitos religiosos e leis morais.

(...)

No gelo livre os protestantes podem esquecer até mesmo a forte moral de sua fé. Se os católicos tinham o carnaval uma vez por ano para enlouquecer, para os protestantes o paraíso da libertinagem se abria após três noites de forte geada. Dohle: “No gelo cada um pode facilmente tocar o outro”. No gelo, é possível dançar e beber. O amor caloroso floresceu no frio glacial. (...)

No gelo constitui-se também uma forma natural de solidariedade e altruísmo. “Era uma confraternização necessária. Não se podia deixar pessoas para trás, pois elas morriam. Você tinha que puxar. O mais forte à frente, o mais fraco atrás”.

(...)

Tem aquele ditado: um frísio, um patinador; dois frísios, uma corrida de patins. [Frísia é uma província no norte da Holanda, da bandeira de coraçõeszinhos e da língua frísia, onde parece que a paixão pelo gelo atinge seu ápice].

(...)

Jornalista Jan de Jong: “Transmitimos vários eventos interessantes, como os Jogos Olímpicos, a Eurocopa e a Copa do Mundo, mas se há algo pelo qual nosso coração bate mais forte, é com certeza a Elfstedentocht [Volta das Onze Cidades; como diz o nome, competição de patinação no gelo na qual os concorrentes passam por onze cidades do norte da Holanda]. Não há nada mais lindo, único e holandês".

(De Volkskrant, 10/01/2009)

Segundo informações do website de Max Dohle (que contém uma enorme variedade de informações sobre patinação no gelo: literatura, história, etc.), os patins mais antigos conhecidos datam de 1250, encontrados em Dordrecht, cidade onde a patinação no gelo teria começado. A palavra schaats (patins), importada do picardi (dialeto do norte da França), teria aparecido pela primeira vez em um poema erótico de 1524, sobre uma ninfomaníaca que constantemente convidava Hans para seus jogos. Segundo Dohle, os patins são freqüentemente associados ao erotismo na literatura holandesa.

O poeta e comunista de conselhos Herman Gorter (que ainda merecerá um bom post neste blog)escreveu um poema sobre o gelo:

Stil staan wij als twee meeuwen
Op het ijs -
Roerloos is rondom,
Als eeuwen,
Het wereldpaleis


Tradução aproximadamente literal, sem as rimas meeuwen/eeuwen e ijs/paleis:

O silêncio diante de nós, como duas gaivotas
No gelo -
A quietude nos circunda,
Como séculos,
O palácio do mundo

Os holandeses discutem se a patinação é ou não é calvinista (lembrando que o norte da Holanda tem tradição majoritariamente protestante, e o sul, católica), e fazem blogs somente sobre o esporte. Na televisão, o historiador da cultura Herman Plij fala sobre a schaatsgekte (loucura dos patins), destacando a relação entre patinação e solidariedade (no início do vídeo aparece alguém medindo a espessura do gelo, para ver se está seguro para patinar):



Diante de tudo isso, poucas coisas podem ser mais fora do lugar do que um brasileiro patinando no gelo. Mas eu fui. A minimização do atrito resultante do contato do gelo com uma lâmina de metal estreita parece ter algo a ver com o paraíso, a utopia, a ausência de trabalho, o vôo. Mas a falta de coordenação (e os tombos) constantemente me lembravam das dores do mundo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Guerra contra os judeus?

Um dos pensadores contemporâneos de que mais gosto, Robert Kurz, pisou na bola ao defender os ataques israelenses a Gaza. É verdade que grande parte da desnorteada esquerda tradicional também o faz, ao apoiar sem ou quase sem crítica grupos terroristas como o Hamas - alguns mais entusiasmados chegam até a vestir camisetas de Osama Bin Laden, que devem usar quando a do Che Guevara está para lavar. Kurz está certo neste ponto: criticar essa esquerda moribunda, tudo bem. Podem aflorar elementos anti-semitas latentes? Podem. Agora, defender a guerra insana e assassina de Israel como "auto-defesa" em nome de uma "paz capitalista precária" é além da conta. Kurz cometeu uma grosseria conceitual ao pura e simplesmente identificar, sem nuances, a crítica de Israel no caso histórico concreto com o anti-semitismo e o apoio ao terrorismo islâmico. Talvez consciência pesada de alemão?

De resto, aqui mesmo neste blog postei o vídeo dos Shministim israelenses para destacar o que deveria ser óbvio: há fissuras e linhas de fuga dos dois lados. Há tanto israelenses que se opõe à teocracia, ao fascismo, ao terrorismo de Estado, quanto palestinos que que lutam por seus direitos sem compactuar com o terrorismo islâmico. Estou do lado destes dois grupos, independentemente da nacionalidade. Nenhum dos dois lados do conflito merece adesão - muito pelo contrário - mas isso não implica que compactue com carnificinas.

Patinação no gelo

Em uma ida a Rotterdam, vi alguns holandeses patinando em um canal congelado. Parece ser realmente importante para eles a prática da patinação no gelo, mas quando é no gelo natural, em lagos ou canais congelados, tem um sabor especial.

A Rádio Nederland Wereldomroep - uma espécie de rádio holandesa internacional para expatriados - publicou uma reportagem onde refere a nostalgia dos expatriados pelo esporte, que é caracterizado como parte da "educação holandesa". Como fazia onze anos que o inverno não era frio o suficiente para formar uma camada de gelo com a espessura mínima para poder patinar com segurança, imagine-se a faceirice deles. A conclusão colateral que eu tirei disso é que este é inverno mais frio dos últimos onze anos.


domingo, 11 de janeiro de 2009

Revolução tecnológica

Onde mais senão em Delft, cidade situada no país onde provavelmente mais chove no mundo, onde provavelmente mais venta no mundo, onde provavelmente mais chove e venta ao mesmo tempo no mundo, e onde está localizada a maior universidade técnica da Holanda e da Europa, para ser projetado um revolucionário... guarda-chuva?

O guarda-chuva de Delft, devido ao seu projeto de aerodinãmica otimizado, promete resistir sem virar ao avesso a ventos de mais de 100 km/h. Além disso, possui estrutura reforçada, proteção nas pontas metálicas para prevenir ferimentos em olhos alheios e garante melhor visibilidade ao usuário.

O artefato ganhou vários prêmios internacionais de design. Já vi alguns na rua, dependendo do preço vou comprar o meu. Deve ser mesmo emocionante ficar com o guarda-chuva ereto sob uma ventania de 100 km/h (mesmo que com esse vento a chuva - e objetos, árvores, etc. - estejam fluindo na horizontal).










Cena de inverno






sábado, 10 de janeiro de 2009

Palestina vrij! Vrij, vrij, vrij!

Sábado foi dia de manifestação de solidariedade aos palestinos em Rotterdam.

O que se notou: quase todos os manifestantes, com exceção de militantes de esquerda, aparentavam ser imigrantes ou descendentes de imigrantes do Oriente Médio. E quase todas mulheres. Tudo falado em holandês. Os holandeses com pinta de nativos que passavam ficavam indiferentes, com exceção de um, que gritou "Israel!".

Batata frita


Com maionese. Coisa de holandês. Essa é a média, tem também grande e pequena.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Shministim


NOTA PARA QUEM NÃO MANJA INGLÊS:

A legenda deste vídeo infelizmente possui vários erros de tradução...

Onde se lê "ou estão muito assustados", entenda-se "ou mesmo ter acesso ao sistema de saúde" (or even get health care).

Onde se lê "milhões de palestinos são presos sem razão", entenda-se "muitos jovens palestinos são presos sem razão" (many young palestinians go to prison for no reason).

Onde se lê "é roubo", entenda-se "é errado", (it's wrong).

Onde se lê "junte-se a nós pela paz, consciência e refúgio para crianças como nós", entenda-se "junte-se a nós pela paz, coexistência e um futuro real para crianças como nós" (take a stand with us for peace, coexistence and a real future for children like us).

Além disso, apesar de não falar nada de hebraico, aparentemente (segundo o áudio) shministim é o plural de shministit, de forma que o correto seria "eu sou um shministit", "nós somos shministim".

Corte de cabelo

Custa 18 euros (60 reais) na Holanda. Isso para homens, para mulheres são 30 euros. Assim vou virar cabeleireiro.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Mais Heerenveen

Notícia publicada em março sobre o novo treinador do Heerenveen, Trond Sollied. Fala o dirigente Yme Kuiper:

O resultado é importante, mas também a maneira de jogar futebol. O seu entendimento sobre o futebol está em linha com a filosofia do Heerenveen. Sollied é também um proponente de um futebol refinado e ofensivo e quer ser o comandante em campo.

['Resultaat is belangrijk, maar ook de manier van voetballen', zegt Kuiper. 'Zijn opvatting over voetbal sluit aan bij de Heerenveen-filosofie. Sollied is ook een voorstander van verzorgd en aanvallend voetbal en wil de baas zijn op het veld.']

Que diferença em relação aos acovardados dirigentes do Grêmio, que adoram a mediocridade-retranca de um Celso Roth...

Times

Depois de três meses na Holanda, já está na hora de escolher um time por aqui para torcer, ou pelo menos simpatizar. Os cogitados:

Ajax (Amsterdam)

A princípio a escolha natural: o maior clube da Holanda (ainda que os torcedores do Feyenoord protestem), sediado na capital, com uma rica história que inclui a concepção do futebol-total, a equipe base da seleção holandesa na copa de 74, e o grande Johan Cruyff. Entretanto, parece ser o mais mercantilizado dos clubes holandeses a partir dos anos 90, após a Arena. (Não, não guardo rancor por 95).


Feyenoord (Rotterdam)

O grande clube de Rotterdam, que fica a apenas quinze minutos de Delft (bem menos do que a uma hora de Amsterdam). Chances reduzidas depois que conheci um dos cânticos cantados nos clássicos contra o Ajax: Hamas! Hamas! Joden aan het gas! [Hamas! Hamas! Judeus para o gás!]. Isso porque o Ajax tem fama (infundada) de ser time de judeus. Toda a solidariedade à luta dos palestinos contra Israel, mas fazer piadas com câmaras de gás é muito mau gosto (ou muito fascismo).


PSV (Eindhoven)

Forma o trio dos grandes junto com Ajax e Feyenoord. Poucas chances. Foi campeão nos últimos anos jogando com esquemas pragmáticos e retranqueiros - coisa que os holandeses felizmente desprezam. Celso Roth já tem um em Porto Alegre, e já é demais! Além disso tem fama de ser um clube sem alma, sustentado por um grande patrocinador (Phillips).


Sparta (Rotterdam)

O segundo time da vizinha Rotterdam - seria mais ou menos como o Internacional em Porto Alegre -, porém com a vantagem de que eles não têm cânticos anti-semitas (que eu saiba).




Heerenveen (Heerenveen)


Não fosse a ridícula camiseta cheia de coraçõezinhos - que segue o padrão do distintivo aí ao lado, mas cuja origem é mesmo a bandeira da Frísia, província ao norte da Holanda - e o fato do clube ser sediado longe de Delft (até o ponto em que algo pode ser "longe" dentro da Holanda), já teria sido o escolhido. Isso porque o clube assumiu a seguinte filosofia, implantada pelo treinador Foppe de Haan, que permaneceu por quase vinte anos no cargo: "Vencer não é o mais importante. O mais importante é jogar um bom jogo"; "Ser um bom clube jogando bom futebol. No futuro queremos estar não exatamente no topo, mas entre o quarto ou quinto lugares". Quer coisa mais revolucionária nos tempos do cínico futebol-retranqueiro-neoliberal-de-resultados? É um clube irmão do Radicais Livres, meu time de botão.

Arena

A seguir um trecho que traduzi do livro "Brilliant Orange: The Neurotic Genius of Dutch Soccer" (David Winner), sobre a arena do Ajax. Qualquer semelhança com a arena do Grêmio não é coincidência.

***

Fora de campo, os problemas do Ajax foram mais criações próprias, à medida em que tentaram de forma atrapalhada fazer a transição de um clube associativo para o mega-business. A Arena high-tech, concebida como uma forma de fornecer receitas para permitir que o Ajax competisse em termos mais equilibrados com os grandes clubes da Itália, Espanha e Inglaterra, é de fato um grande fracasso. A grama se recusa a crescer bem por lá, então um novo campo deve ser colocado no ritmo de aproximadamente três por temporada. Muitos torcedores mais antigos pensam que a Arena é o maior erro jamais cometido pelo Ajax. Eles se sentem alienados pela a estranha acústica de lata de metal do estádio e seus óbvios imperativos comerciais, e muitos simplesmente se recusam a ir lá novamente. As coloridas e brilhantes cadeiras de plástico do estádio “multi-funcional” são, em sua maior parte, ocupadas agora por pessoas de fora da cidade. O clube não é dono do prédio; ele meramente tem seus escritórios em um setor e aluga o resto em dias de jogos. “O velho estádio do Ajax era pequeno demais e não era bonito segundo nenhum padrão”, diz o paisagista Dirk Sijmons. “Mas ele era bom e aconchegante. E ele foi construído para o futebol, e não para fazer dinheiro. Você vê agora como o Ajax é vulnerável. É como um daqueles caranguejos, que, quando crescem, têm que encontrar uma nova concha. E enquanto eles estão à procura, estão muito vulneráveis. O Ajax tem que passar por um período como esse agora, porque a Arena não é um lar. Eles jogam lá um domingo. Mas então há um concerto dos Rolling Stones. Então, um grande congresso. Então, o lançamento do novo carro espacial da Mitsubishi. Então, depois de sete dias, o Ajax pode ir e jogar futebol novamente”.

“Essa obsessão holandesa multi-funcional de fazer dinheiro com o mesmo prédio de muitas formas, tornando o estacionamento disponível todos os dias, esse tipo de coisa... É uma idéia brilhante, claro, mas ela arranca a vida de um estádio de futebol. Um estádio também tem que descansar entre os jogos. Ele deveria esperar vazio por uma semana antes do jogo, antes que o próximo fluxo de pessoas chegue. Um estádio, de certa forma, precisa meditar. Isso é o que a Arena nunca poderá oferecer. Ela é uma instituição cuja única finalidade é fazer dinheiro, e uma dessas formas de fazer dinheiro é o Ajax. Isso é tudo. E todos sentem isso. Você tem como que apagar a luz quando vai embora, e então ela é de outros. Nós somos apenas hóspedes aqui. O De Kuip, do Feyenoord, é um estádio fantástico. Quando está vazio, a acústica é bela; quando um pássaro canta você ouve de qualquer lugar. Estádios vazios são muito especiais. E quando ele está completamente lotado, pode ser tão íntimo. Isso tem a ver com ser totalmente perfeito em suas dimensões, o fato de haver dois níveis, de que as arquibancadas estão próximas do campo, mas não são claustrofóbicas. Quando os japoneses quiserem copiar um estádio, este é o que eles deveriam escolher”.

Mesmo o leal Bobby Haarms, que está no clube por quase cinquenta anos e trabalhou em várias posições com Reynolds, Buckingham, Michels, Kovacs, Cruyff, Beenhakker e Van Gaal, não consegue esconder o fato de que a Arena o faz infeliz. O opressivo sistema de segurança do estádio e a infinita série de corredores chaveados o obrigam a carregar um molho de chaves gigante, como um carcerário. “O De Meer [o antigo estádio do Ajax] era pelo futebol. Tudo lá era perfeito. Esse lugar... bem, é pelo dinheiro”.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Nieuwjaarsduik

Mergulho de ano novo (Nieuwjaarsduik), esse é um dos esportes praticados na Holanda. Começou com alguns corajosos nos anos 60, mas o fato é que hoje uma multidão de holandeses e holandesas dá um mergulho no Mar do Norte (ou rio, piscina, etc.) no dia primeiro de janeiro. Com temperatura abaixo de zero. E o mais engraçado, com touca na cabeça. Não me atrai muito, mas deve ser melhor do que escutar house.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Frio - agora sim!

Tempraturas máximas diárias negativas, canais congelados. Pobres patos!




Ano novo com (in)cultura de massas

Para não passar a virada do ano sozinho, fui com alguns colegas ao Nationale Nieuwjaarsnacht, em Rotterdam. Indiada pura. A cena: ao ar livre (com temperatura abaixo de zero, sentindo o frio penetrar pela sola dos sapatos), à beira do rio Maas, com vista para a Erasmus Brug cheia de luzes e efeitos especiais. Filas para o banheiro, filas para a cerveja, lixo pelo chão (tudo bem que em Copacabana deve ser muito pior). A música - se é que dava para chamar aquilo de música; o que seria, house? - era mais monótona do que o som de uma máquina de costura. E pensar que um dos meus filósofos favoritos viu no jazz uma regressão da audição. Qual seria a reação dele diante daquilo (house ou seja lá o que for): suicídio? Dirão que é música só para dançar e blábláblá, mas um par de neurônios não faria mal.

Lá pelas tantas um holandês (talvez vendo minha cara de profundo desânimo, irritação, tédio, etc.), me pergunta se estou gostando. E diz que os caras que estão tocando são muito famosos na Holanda, que se fosse em um lugar fechado teria que pagar 60 euros; portanto, pagar apenas 9 euros e por um show ao ar livre (ele parecia realmente ver como vantagem ficar exposto àquele frio de rachar os lábios) era uma grande barbada. Para mim foi uma fortuna. E preferia nem ter conhecido Ryan Marciano en Sunnery James, Ilse Delange, Lucien Foort, Estelle, HouseQuake, Junkie XL (que nomezinhos, hein?) - o pior de tudo é que para mim agora eles são "inesquecíveis"... A musiquinha pasteurizada da Ilsinha e da Estellinha ainda era o menos pior, as outras não tinha nem o que pasteurizar... argh! Ainda por cima, a breguice de um palco-navio, que ficava indo e vindo para que todos ao longo das margens do rio pudessem apreciar o som-pior-que-máquina-de-costura... boa metáfora da miséria da democracia de massas. Nunca mais, nunca mais!

Ao final, claro, não podiam faltar os fogos de artifício. Para o delírio da massa.

Pior experiência na Holanda até agora - mas é bem verdade aquilo poderia ter sido em qualquer país, e representa o fundo do poço (o ápice) da globalização da mercadoria.