Velho estádio renovado, muitos consideram o De Kuip o melhor e mais bonito estádio da Holanda, melhor do que Arena multidinheiral, digo, multifuncional, do Ajax. Mas isso eu vou conferir depois, não quero ser preconceituoso. De fato, o estádio me pareceu bonito, confortável e voltado para o futebol. Capacidade para cerca de 45 mil pessoas, com meia lotação. Fiquei no setor "popular" - que lá tem cadeiras -, atrás da goleira. Como no ingresso dizia que não podia levar câmera fotográfica, não levei a minha, mas no estádio bem na minha frente tinha um torcedor tirando fotos. Os holandeses parecem ser menos disciplinados que os alemães (felizmente). E importante, a cerveja é liberada.
A torcida do Feyenoord é muito fanática. Levaram três a zero em casa e seguiram sempre apoiando o time, inclusive aplaudiram no final. Diz um torcedor que o Feyenoord é um worker's class team, que tudo o que eles têm é o amor pelo Feyenoord. São conhecidos como legioen (legião), e parece que são meio gremistas, pois valorizam muito a garra e a luta, exigindo "jagen" (algo como "caçar a bola") dos jogadores - ao contrário da cultura de futebol mais técnico do Ajax. Só que ele não falou "Ajax", falou "020" - o código telefônico de Amsterdam -, pois eles se recusam a pronunciar o nome. Dizem que muitos rotardammers nunca foram a Amsterdam, e se recusam a ir. Com alguns cânticos em inglês - we support the Feyenoord boys - e outros citando Rotterdam, a animada legioen é considerada a torcida mais fanática da Holanda, e, me dizem eles, é a maior.
O maior xingamento no De Kuip é chamar alguém de "judeu" (torcedor do Ajax). Pelo menos uma vez se ouviu o odioso "Hamas! Hamas! Judeus para o gás!". Quando o Feyenoord levou o terceiro gol e alguns torcedores começaram a ir embora, foram prontamente xingados de "judeus"; quando a torcida começa a pular, quem não pula é... judeu. O ponto onde termina a piada de mau gosto e começa o nazismo, não me arrisco a palpitar. Mas aconteceu um fenômeno semelhante ao de Porto Alegre: assim como os torcedores do Internacional já se identificam como "macacos", dizem que os do Ajax passaram a identificar-se como os "super judeus". A tal ponto que teriam começado a levar bandeiras de Israel para o estádio - e os do Feyenoord, bandeiras da Palestina. Agora imagine-se a confusão em tempos de guerra. Mas desta vez, pelo menos, não vi bandeiras palestinas. A legioen também tem apelido para os torcedores do PSV - são os "boeren" ou "fazendeiros", mas talvez a melhor tradução seja "colonos", porque Eindhoven não é lá tão grande. O apelido do Feyenoord, vou perguntar em Amsterdam.
Com relação ao jogo, válido pela Copa KNVB (a Copa do Brasil deles), o Heerenveen mostrou que não tem medo de jogar bola, atacar: desde o início foi para cima, mesmo fora de casa. Nenhum espetáculo, mas para quem está acostumado com Celso Roth é um luxo. Ataca com vários jogadores, com muita movimentação e velocidade, boa técnica. Já o Feyenoord, que vinha em crise, com técnico demitido e tudo, parecia um amontoado de jogadores, não um time. Aliás, a demissão ocorreu justamente após uma derrota de 3x1 para o Heerenveen, quatro dias antes, na Frísia, mas pela liga holandesa. Ou seja, em dois jogos recentes o placar foi 6x1 para o Heerenveen.
Estranhamente, não tem jogo de volta, quer dizer, o Heerenveen passou para as quartas-de-final, e o Feyenoord foi eliminado (e seria assim com qualquer placar). Os gols estão nos links aí abaixo. O segundo deles foi através de uma jogada bem holandesa, coletiva e veloz, com direito a passe de letra. Mas o centroavante puxou o zagueiro pelo braço, o que não vi no estádio, e estranhamente zagueiro não reclamou.
0x1 0x2 0x3
O próximo match a ser prestigiado será Ajax x Heerenveen, em Amsterdam.
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