segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Fantasias

A foto abaixo eu recebi por email. Dá uma idéia do nível das fantasias dos holandeses. Lá no sul, muitos andam assim pelas ruas.


domingo, 22 de fevereiro de 2009

Promoção

Os holandeses são fanáticos por promoções. Pra tudo tem um cartão de desconto, fidelidade, etc. Em alguns casos realmente vale a pena. Por exemplo, eu tenho um cartão de trem chamado vordeelurenabonnement (eta língua complicada): por cinquenta euros, tem-se 40% de desconto nos trens, desde que a viagem seja após as 9 horas da manhã. Só no primeiro mês aqui eu já descontei os 50 euros.

Agora, às vezes eles se superam. Banheiro aqui é pago. Durante o carnaval em Maastricht havia um cartão de descontos para ir ao banheiro. Mijada avulsa era 50 centavos de euro, mas a mijada livre diária custava 2 euros. Ou seja, assim o bom sujeito burguês podia calcular friamente: vou mijar mais de quatro vezes? Caso positivo, o cartão do mijo vale a pena!

Holanda sem carnaval

Em Utrecht a importância do carnaval é tão pequena que nesse final de semana teve festival de jazz, com entrada franca. Fui prestigiar o Maghreb Jazz, que como o nome diz, é jazz com sotaque árabe. Deu até vontade de viajar ao Marrocos.

(Utrecht, talvez junto com Groningen e Praga, foram as cidades que mais me surpreenderam até agora. Surpresa sempre é relativa, mas como ser surpreendido em Paris, após séculos de acumulação de elegias?).

Carnaval na Holanda

A Holanda apresenta um gradiente cultural do norte ao sul, no qual a religião (ou a tradição religiosa) vai do calvinismo ao catolicismo, e o simulacro de paraíso vai da patinação no gelo ao carnaval. Para ver o melhor carnaval, fui ao extremo sul, Maastricht, onde está o carnaval mais famoso.

Músicas germânicas (lembra oktoberfest; mas teve tembém música da Xuxa, ver vídeo abaixo), e muita gente fantasiada andando pelas ruas. Fantasias caprichadas, da cabeça aos pés, com direito a maquiagem. Um palco na praça principal e blocos desfilando pelas ruas. Quem não gosta tem que sair da cidade. Em um dos poucos bares que não estava totalmente decorado para o carnaval, estava tranquilamente tomando uma sopa de cebola quando de repente um dos blocos entra bar adentro.

O carnaval é tão importante em Maastricht que existe até uma bandeira do carnaval (vermelha, amarela e verde), hasteada por todos os lados, em casas, lojas e prédios oficiais. Muitas fantasias também são nessas cores.

(Dizem que às vezes ocorre o chamado "vandalismo" em Maastricht - vitrines são quebradas e lojas saqueadas. Esta revolta contra a mercadoria, a tentativa de concretizar o paraíso, infelizmente eu não testemunhei).







sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Enchanté, Paris!

Uma viagem de trem de Delft a Paris não dura mais do que quatro horas - mais rápido do que ir de Poa a Floripa (mas mais caro). Primeira de muitas visitas. Não entrei em lugares fechados, apenas senti o clima das ruas, livrarias, cafés. Semana cheia de trabalhos e burocracias, por isso não postei isso antes. Mas pensando bem, o que poderia dizer sobre Paris que já não foi dito? Então nem digo mais nada: c'est belle, c'est très belle...

(Londres que me desculpe, mas Paris está em outro nível de estilo e gosto. Até a decadência do metrô de Paris é mais elegante que decadência do londrino).









(O medo de novas comunas condiciona bastante o planejamento urbano de Paris. A camadinha de asfalto que se vê nas ruas de paralelepípedos é apenas suficiente para dificultar a construção de barricadas. Para não falar no alargamento das ruas, que as tornam aprazíveis para tanques e outros artefatos de repressão. Onde há muito controle, é porque há muito perigo).

Delft blues

Festival de blues - um final de semana no qual vários bares de Delft têm blues ao vivo, com entrada livre (consumo não, claro). Fui conferir a Scuttle Buttin tentando imitar Stevie Ray Vaughn (se for para imitar, pelo menos que se tenha ambição).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mais um cão em forma

Também é legal ver os holandeses pedalando de guarda-chuva. Eu cairia na primeira curva - talvez até na primeira reta.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

London, London

Depois de uma exaustiva semana de provas, um final de semana em Londres, onde contei com a hospitalidade de uma prima que não sabia que existia.

A primeira impressão é estranha: é mais fácil entrar na Inglaterra do que na Argentina por Uruguaiana, por exemplo. Brasileiros não precisam de visto. Na imigração, apenas me perguntam para que vim, quanto tempo vou ficar e a passagem de volta. Pronto! A que se deve? Talvez nossos generais tenham colaborado na Guerra das Malvinas? (Dizem que o jogo do Grêmio contra o Estudiantes foi uma guerra que foi porque os argentinos não engoliram que os ingleses teriam usado a base aéria de Canoas).

O tempo londrino fez juz à fama: frio e chuvoso. Não é diferente da Holanda, e não impediu que fossem conferidos: Trafalgar Square, National Gallery, British Museum, Tate Gallery, Green Park, Palácio de Buckingham, Tower Bridge e o Tâmisa, Catedral St. Paul's, o Parlamento e o Big Ben, London Eye (uma roda gigante, realmente gigante, às margens do Tâmisa), British Libray, e outros.

Os museus britânicos são impressionantes - não são britânicos, são mundiais. Na National Gallery conferi uma imensa coleção de pintores... holandeses, incluindo Rembrandt, Vermeer e Van Gogh. Na Tate Gallery, arte contemporânea, incluindo Asger Jorn, Karel Appel, Miró, Picasso. No British Museum, a história universal catalogada em estilo ilimunista. Os museus britânicos retratam bem a função social da burguesia, tanto no que concerne ao imperialismo quanto ao fomento à cultura (como objeto de contemplação, esfera separada). Diga-se de passagem, todos com entrada gratuita, ao contrário da Holanda, onde se paga até para ir ao banheiro.

Também é impressionante a sujeira de Londres. Talvez magnificada pelo fato de ter vindo diretamente da limpíssima Holanda. É difícil achar uma lixeira - dizem que é por medo de terrorismo (esconderijo para bombas). O metrô londrino, um dos ícones da cultura ocidental, às vezes é mais lotado do que ônibus brasileiro, e algumas estações são bastante decadentes (o mesmo vale para as estações de trem), aumentando o nível de decadência à medida que se afastam do centro (turístico). Os ingleses apoiam os pés nos bancos dos trens sem a menor cerimônia.

Ouvindo o sotaque cockney, quase dei razão àqueles que dizem que os holandeses falam inglês melhor do que os ingleses. E saboreei um fish and fries - peixe com batata frita - em um dos incontáveis pubs.





































quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A crise, os bons liberais e o anti-semitismo

Quem são os culpados pela crise econômica? Parece que os alvos já estão sendo eleitos. O presidente dos Estados Unidos criticou a distribuição de lucros em Wall Street por empresas que recebem subsídios estatais. "É vergonhoso, é o cúmulo da irresponsabilidade".

O economista liberal estadunidense Peter Schiff, tal como Robert Kurz, também previu previu a crise provocada pelo estouro da bolha do imobiliário, baseado nos conceitos liberais de produção, poupança, crédito e consumo. No vídeo abaixo, outros "analistas" chegam a rir e debochar dele enquanto expunha suas teses.



Porém, quando a crise realmente estourou, ele apressou-se a publicar um artigo no Washington Post, chamado Don't blame capitalism (Não culpe o capitalismo). Diz Schiff: "Esta crise resultou da relutância do governo em regular a irrefreada ganância de Wall Street".

O que Schiff tem em comum com Obama, e com o senso comum que se ouve na imprensa? Uma perigosa aproximação com o anti-semitismo. Sinistramente, de forma análoga a 1929, quando tudo acabou em Auschwitz, logo após uma grande crise econômica. O limite do capital é o anti-semitismo, como já mostraram Adorno e Horkheimer em 1944:

"A sociedade actual, onde os renascimentos e os sentimentos religiosos primitivos, bem como o legado das revoluções, estão à venda no mercado; onde os chefes fascistas negociam atrás das portas o território e a vida das nações, enquanto o público esperto calcula o preço no rádio; a sociedade, onde a palavra que a desmascara se legitima por isso mesmo como recomendação para a admissão no banditismo político; essa sociedade, na qual a política não é mais somente um negócio, mas o negócio é a política inteira - essa sociedade se toma de indignação contra o retrógrado mercantilismo do judeu e designa-o como o materialista, o traficante, que deve recuar diante do fogo sagrado daqueles que erigiram o negócio em algo de absoluto. O anti-semitismo burguês tem um fundamento especificamente económico: o disfarce da dominação na produção. (...) Por isso as pessoas gritam: 'pega ladrão!' e apontam para o judeu. Ele é, de facto, o bode expiatório, não somente para manobras e maquinações particulares, mas no sentido mais amplo em que a injustiça económica da classe inteira é descarregada nele. Na fábrica, o fabricante tem sob os olhos seus devedores, os trabalhadores, e controla sua contrapartida antes mesmo de adiantar o dinheiro. O que na realidade se passou eles só percebem quando vêem o que podem comprar em troca: o menor dos magnatas pode dispor de um quantum de serviços e bens como jamais pôde nenhum senhor antes; os trabalhadores, porém recebem o chamado mínimo cultural. Não bastava descobrir no mercado como são poucos os bens que lhes cabem, o vendedor ainda elogia o que eles não podem se permitir. Só a relação do salário com os preços exprime o que é negado aos trabalhadores. Com seu salário, eles aceitaram ao mesmo tempo o princípio da expropriação do salário (Entlohnung). O comerciante apresenta-lhes a letra que assinaram para o fabricante. O comerciante é o oficial de justiça para o sistema inteiro e atrai para si o ódio voltado aos outros. A responsabilidade do sector da circulação pela exploração é uma aparência socialmente necessária". (Elementos de anti-semitismo)

Obama e Schiff, como bons liberais, recusam-se a fazer qualquer menção à luta de classes ou à mercantilização da vida. E já elegeram seus vilões. Justamente por serem bons liberais, estão sempre na moita do fascismo. Seus remédios: mais produção, mais consumo (crise ecológica? o que é isso?), menos especulação. O trabalho nos libertará!

"Arbeit macht frei" [o trabalho liberta]: entrada do campo de concentração em Auschwitz

Há uma diferença, entretanto, com a crise de 29; a diferença é ao mesmo tempo terrível e jubilosa: não há mais saída sistêmica para a crise. Em 1929 as forças produtivas ainda tinham muito a se desenvolver, e o capital ainda tinha vastas áreas do globo a conquistar: África, Ásia, América Latina praticamente inteiras. Um novo ciclo de produção e consumo (fordismo) renovou o gás do capital. A diferença qualitativa com a crise do século XXI é que com as forças produtivas hiperdesenvolvidas o trabalho tornou-se obsoleto, supérfluo. As forças produtivas microeletrônicas praticamente dispensam o trabalho humano. O tão elogiado trabalho - tanto por liberais quanto por social-democratas e trotsko-estalinistas - é um moribundo. E é esse o nó górdio da crise. Porque só o trabalho humano gera valor para o capital, o tempo de trabalho social médio corresponde ao valor de uma mercadoria. Isso já demonstrou Marx no primeiro capítulo de O capital. O trabalho das máquinas apenas transfere o valor correspondente à sua depreciação. Essa é a crise: a crise do trabalho na sociedade do trabalho. A especulação financeira é consequência, e não causa: como a produção de mercadorias não é mais lucrativa (a valorização está em crise), só resta a especulação, o capital fictício - novamente, já analisado por Marx no livro III de O capital. E como Obama deve saber (mas não fala), um dos grandes especuladores é justamente o Estado, com seus créditos estatais fictícios.

Já que é para lembrar Marx (fora de moda, mas talvez mais atual do que nunca), um trecho dos Grundrisse que deve ser um dos pontos altos do intelecto humano:

"Desde que o trabalho, na sua forma imediata, deixe de ser a fonte principal da riqueza, o tempo de trabalho deixa e deve deixar de ser a sua medida, e o valor de troca deixa portanto de ser a medida do valor de uso. O sobretrabalho das grandes massas deixou de ser a condição do desenvolvimento da riqueza geral, tal como o não-trabalho de alguns deixou de ser a condição do desenvolvimento das forças gerais do cérebro humano. Por essa razão, desmorona-se a produção baseada no valor de troca, e o processo de produção material imediato acha-se despojado da sua forma mesquinha, miserável e antagônica. Ocorre então o livre desenvolvimento das individualidades. Já não se trata, então, de reduzir o tempo de trabalho necessário com vista a desenvolver o sobretrabalho, mas de reduzir em geral o trabalho necessário da sociedade a um mínimo". (Grundrisse, Contradição entre o princípio básico (medida do valor) da produção burguesa e o seu desenvolvimento. Máquinas, etc.)

Aqui Marx está a analisando o mundo pós-capitalista, no qual a escassez foi superada pelo avanço das forças produtivas. Porém, para isso é necessário superar as relações capitalistas: máquinas, sob o capital, não são fontes de riqueza social e cultural, mas de desemprego e sofrimento. Porque o seu potencial liberador é contido pela forma-mercadoria, pela apropriação privada do ócio (que no mais das vezes, nem merece ser chamado de ócio).

Parece que hoje estamos caminhando para algum tipo de fascismo militarista-repressor para gerenciar a crise insuperável do capital - o que inclui cortes de custos sociais, que nestes tempos são facilmente relativizados. A não ser que surja um movimento global anti-sistêmico para forçar a realização do potencial contido nas máquinas, o potencial de um nível superior de fruição da vida - ou "comunismo", para quem prefere. Contra a crise, os diagnósticos rasos e o anti-semitismo, luta de classes reloaded!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Rivalidade além da conta

Já estava acostumado com as provocações e a "secação" em Porto Alegre - aliás, poucas coisas podem ser mais deselegantes do que torcer contra alguém ou outros. Mas aqui eles se superam, pelo menos em termos de agressividade simbólica. Se os torcedores do Feyenoord querem colocar os do Ajax em uma câmara de gás, os do Ajax querem bombardear novamente Rotterdam.

As bicicletas e o tempo

O que acontece com as bicicletas quando chove, neva, venta...? Nada, os holandeses seguem pedalando do mesmo jeito. Tá certo que aqui não tem aquelas chuvas fortes, tropicais, que molham de verdade - é mais uma garoa constante. Só tem um perigo: com uma rajada de vento mais forte, cair em um canal.

Biblioteca

Véspera de prova, fui à biblioteca da TU Delft estudar. Sempre gostei de bibliotecas, mas a da TU Delft, que lugar bom para estudar! Iluminação, espaço, conforto, tudo perfeito. Tem até silêncio, mas disso nem faço questão.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Gol do Heerenveen

Do youtube. Deste ângulo dá para ver melhor. Era defensável?