segunda-feira, 30 de março de 2009

Budapest

Antes de ir a Budapest, tudo o que eu sabia sobre a Hungria era que é a terra de Luckács, um dos primeiros marxistas a resgatar a análise marxiana do fetichismo da mercadoria, que os húngaros se revoltaram contra o estalinismo em 1956 e e pouco antes disso montaram o grande time de Puskas. Boas referências.

Budapest - a pronúncia é à carioca, Budapext - é o resultado da união de duas antigas cidades, Buda e Pest, cada qual de um lado do Rio Danúbio. A cidade é bonita, muito ecletismo na arquitetura, na qual é possível notar desde influências orientais até os horríveis prédios funcionais estalinistas, pasando por gótico e barroco. Duas colinas das quais se pode apreciar a vista. Não deu tempo de ver tudo - por exemplo, os famosos banhos termais de Budapest. Uma estátua de Garibaldi ao lado do Museu Nacional - confesso que não sei o que ele fez por lá.

Os húngaros não são lá muito simpáticos - talvez os estalinistas-bolcheviques os tenham maltratado demais. Enquanto na Holanda quando se entra em uma loja se ouve um cantado "haalooooo" e quando se vai embora outro cantado "daaaaaaag", tudo acompanhado por um sorriso, na Hungria a coisa é bem mais seca, e sem sorrisos. E quase ninguém fala inglês, é preciso ter alguma habilidade com a mímica.

A língua húngara é suave, não é indo-européia (tem parentesco com o finlandês), e por incrível que pareça a sonoridade me pareceu semelhante à do chinês. Segundo a Wikipedia, através da aglutinação de sufixos o húngaro pode ter palavras como megszentségteleníthetetlenségeskedéseitekért - "por seus reiterados fingimentos de ser improfanável".

Nos restaurantes, as porções são pelo menos três vezes maiores do que as holandesas. E uma anedota que me contaram por lá, jurando que é verdade: quando a novela Escrava Isaura foi exibida na Hungria, muitos húngaros, em comovente ato de solidariedade, começaram uma campanha de arrecadação de fundos para... libertar a escrava.
















































Para ouvir um pouco da pitoresca língua húngara, a narração de um golaço que eles fizeram contra o Brasil:



sábado, 21 de março de 2009

Falcatrua

Abundam por aqui o que eles chamam de restaurantes "gauchos". Mas servem uma carnezinha pequeninha e sem gosto. E cara.


Tecnologias holandesas

Obviamente que a tecnologia holandesa não vive só de super-guarda-chuvas.

Para quem manja de tratamento de água e efluentes líquidos, algumas tecnologias interessantes foram desenvolvidas na Holanda.

Em Scheveningen, visitamos no programa de mestrado uma estação de tratamento onde eles usam as dunas naturais como filtro para tratamento de água. Inclusive bombeiam água do Rio Maas para as dunas. Apenas um pré-tratamento na água do Maas (para preservara s dunas) e um pós-tratamento, e água está pronta para beber. A água aqui é muito melhor, organolepticamente falando, porque os holandeses não são adpetos da cloração.



(Por falar em "Scheveningen", que é um balneário e região de pescadores, esse nome era usado para reconhecer alemães durante a guerra. Só os holandeses conseguiam pronunciar corretamente).

Em Delft foi desenvolvido o processo anammox, um processo de remoção de nitrogênio que atalha o ciclo tradicional, pois a denitrificação é feita a partir de nitrito e amônio. O processo é aneróbio autotrófico, de forma que se poupa muita energia de aeração, e o tempo de residência no decantador primário pode ser aumentado - o posterior tratamento anaeróbio do lodo desse decantador primário, com produção de metano, deixa o processo perto da auto-suficiência energética. A estação de tratamento de esgoto de Rotterdam já utiliza o processo annamox (full scale).

NH4+ + NO2- = N2 + 2H2O

E o já conhecido reator UASB - anaerobic upflow sludge blanket - foi desenvolvido na Universidade de Wageningen. Recentemente o professor Gatze Lettinga (o pai da criança) recebeu o "nobel do meio ambiente" pelo artefato.


Peguei! E agora?


Inacreditável!

Uma semana inteira de céu azul!


Da janela do trem...

Só se vê planície...





quarta-feira, 18 de março de 2009

Bruxelas

Mais um contato fugaz (e necessariamente superficial) com cidades européias. Bruxelas é a capital da União Européia, e em certo sentido é uma cidade única: é uma cidade bilíngue. A Bélgica é bilíngue, com a Wallonie, a parte mais ao sul, francófona, e a parte mais ao norte fala o holandês (ou flamengo, como eles chamam o dialeto belga, que é mais suave e afrancesado). Mas Bruxelas é uma cidade francófona no meio da região "holandesa". Como o afluxo de gente das cidades vizinhas para a capital é constante, na prática a cidade fala duas línguas mesmo. Todos os sinais, placas e até propagandas são escritos em francês e holandês.

Não é só a língua, a Bélgica ao primeiro olhar parece ser uma mistura de França e Holanda, como na arquitetura, onde dependendo do lado para o qual se olhe é possível sentir-se em um país ou no outro, ou mesmo ficar confuso quando um prédio em estilo francês está ao lado de outro em estilo holandês. Ou ainda, um prédio com estrutura de prédio holandês mas com muito mais adornos e cores, como se tivesse corpo holandês mas vestisse roupas francesas. Na gastronomia, a influência francesa é clara: os belgas parecem ser bem mais sofisticados do que os vizinhos holandeses. Enquanto os holandeses se contentam com o rústico haring, os belgas têm um conglomerado gastronômico de frutos do mar no centro histórico. Wafel, chocolate, frits (batata frita, a mais famosa da Europa) foram devidamente degustados.

O centro administrativo da União Européia em Bruxelas reflete sua função: tudo é burocrático, funcional. Mas, o que mais esperar da arquitetura do poder? Muitas construções novas e obras onessa área. Alguns prédios são realmente feios, e o parlamento quer chamar a atenção um pouco mais do que o necessário. O centro histórico tem aparência muito mais humana e acolhedora. Os parques, talvez devido ao mau tempo ou por estarem perto da região dos burocratas, estavam quase às moscas. Quando o entorno fazia com que me sentisse na Holanda, faltava alguma coisa, que depois me dei conta: as bicicletas - percebi como elas alegram e humanizam uma cidade. Os canais tampouco estão lá, e isso também faz uma diferença e tanto. Enfim, Bélgica é Bélgica.