Escadas rolantes para acessar o estádio
A grama que tem que ser trocada de três em três meses (colocaram cobertura na arena, mas esqueceram que grama precisa de sol)
A torcida, com uma bandeira de Israel (difícil de ser visualizada nesta foto)
Notas de viagem – De outubro de 2008 a abril de 2010 viverei na Holanda para fazer mestrado em Ciência Ambiental. Neste blog serão depositados fotos, impressões, pensamentos e quincalharias, a partir do olhar de um estrangeiro do sul do Brasil sobre o país das tulipas, das bicicletas, dos moinhos de vento, dos canais, de Van Gogh, do red light district, da Laranja Mecânica, do apartheid (na África do Sul), dos PROVOS, dos comunistas de conselhos... - e o que mais?
Escadas rolantes para acessar o estádio
A grama que tem que ser trocada de três em três meses (colocaram cobertura na arena, mas esqueceram que grama precisa de sol)
A torcida, com uma bandeira de Israel (difícil de ser visualizada nesta foto)
Enquanto o mundo for capitalista, a tendência é que estas crises se repitam, com intensidade e freqüência cada vez maior - a socidade do trabalho que desenvolveu as forças produtivas a ponto de tornar o trabalho supérfluo corrói seus próprios fundamentos. Esta crise era perfeitamente previsível, como o fez Robert Kurz em pelos menos dois textos (de 2003 e 2005, links abaixo). Não é feitiçaria, é tecnologia - boa análise marxiana.
Só a revolta dos proletarizados deste mundo pode acabar com isso - a revolta contra o trabalho. Já chegou a hora de vivermos confortavelmente com o trabalho das máquinas - superando o capital, transformando o "desemprego" em ócio abundante.
A segunda bolha financeira (Robert Kurz, 2003)
Velho estádio renovado, muitos consideram o De Kuip o melhor e mais bonito estádio da Holanda, melhor do que Arena multidinheiral, digo, multifuncional, do Ajax. Mas isso eu vou conferir depois, não quero ser preconceituoso. De fato, o estádio me pareceu bonito, confortável e voltado para o futebol. Capacidade para cerca de 45 mil pessoas, com meia lotação. Fiquei no setor "popular" - que lá tem cadeiras -, atrás da goleira. Como no ingresso dizia que não podia levar câmera fotográfica, não levei a minha, mas no estádio bem na minha frente tinha um torcedor tirando fotos. Os holandeses parecem ser menos disciplinados que os alemães (felizmente). E importante, a cerveja é liberada.
A torcida do Feyenoord é muito fanática. Levaram três a zero em casa e seguiram sempre apoiando o time, inclusive aplaudiram no final. Diz um torcedor que o Feyenoord é um worker's class team, que tudo o que eles têm é o amor pelo Feyenoord. São conhecidos como legioen (legião), e parece que são meio gremistas, pois valorizam muito a garra e a luta, exigindo "jagen" (algo como "caçar a bola") dos jogadores - ao contrário da cultura de futebol mais técnico do Ajax. Só que ele não falou "Ajax", falou "020" - o código telefônico de Amsterdam -, pois eles se recusam a pronunciar o nome. Dizem que muitos rotardammers nunca foram a Amsterdam, e se recusam a ir. Com alguns cânticos em inglês - we support the Feyenoord boys - e outros citando Rotterdam, a animada legioen é considerada a torcida mais fanática da Holanda, e, me dizem eles, é a maior.
O maior xingamento no De Kuip é chamar alguém de "judeu" (torcedor do Ajax). Pelo menos uma vez se ouviu o odioso "Hamas! Hamas! Judeus para o gás!". Quando o Feyenoord levou o terceiro gol e alguns torcedores começaram a ir embora, foram prontamente xingados de "judeus"; quando a torcida começa a pular, quem não pula é... judeu. O ponto onde termina a piada de mau gosto e começa o nazismo, não me arrisco a palpitar. Mas aconteceu um fenômeno semelhante ao de Porto Alegre: assim como os torcedores do Internacional já se identificam como "macacos", dizem que os do Ajax passaram a identificar-se como os "super judeus". A tal ponto que teriam começado a levar bandeiras de Israel para o estádio - e os do Feyenoord, bandeiras da Palestina. Agora imagine-se a confusão em tempos de guerra. Mas desta vez, pelo menos, não vi bandeiras palestinas. A legioen também tem apelido para os torcedores do PSV - são os "boeren" ou "fazendeiros", mas talvez a melhor tradução seja "colonos", porque Eindhoven não é lá tão grande. O apelido do Feyenoord, vou perguntar em Amsterdam.
Com relação ao jogo, válido pela Copa KNVB (a Copa do Brasil deles), o Heerenveen mostrou que não tem medo de jogar bola, atacar: desde o início foi para cima, mesmo fora de casa. Nenhum espetáculo, mas para quem está acostumado com Celso Roth é um luxo. Ataca com vários jogadores, com muita movimentação e velocidade, boa técnica. Já o Feyenoord, que vinha em crise, com técnico demitido e tudo, parecia um amontoado de jogadores, não um time. Aliás, a demissão ocorreu justamente após uma derrota de 3x1 para o Heerenveen, quatro dias antes, na Frísia, mas pela liga holandesa. Ou seja, em dois jogos recentes o placar foi 6x1 para o Heerenveen.
Estranhamente, não tem jogo de volta, quer dizer, o Heerenveen passou para as quartas-de-final, e o Feyenoord foi eliminado (e seria assim com qualquer placar). Os gols estão nos links aí abaixo. O segundo deles foi através de uma jogada bem holandesa, coletiva e veloz, com direito a passe de letra. Mas o centroavante puxou o zagueiro pelo braço, o que não vi no estádio, e estranhamente zagueiro não reclamou.
0x1 0x2 0x3
O próximo match a ser prestigiado será Ajax x Heerenveen, em Amsterdam.
Depois disso, quem é mesmo fundamentalista?
Lembrando que o jornalista que produziu o vídeo (Max Blumenthal) é judeu, e Israel também tem os shministim. Isso é para lá de óbvio, mas... sejamos anti-fascistas, não anti-semitas!
Para quem manja inglês, Blumenthal tem outro excelente vídeo, Generation Chickenhawk, onde entrevista universitários americanos fervorosamente apoiadores da guerra no Iraque. Quando pergunta por que não se alistaram...
PS: o cara que faz essas legendas escolhe bem os vídeos, mas desliza nas traduções... não muda o sentido geral do vídeo, mas há alguns erros. Bem no início é dito Long live israel! - "vida longa a Israel", e não "o errado deixe Israel". Quando uma senhora diz Otherwise, no peace, no peace a legenda deveria ser "de outra forma, não há paz, não há paz", e não "sem paz, sem paz". E outras coisas menores que se tiver tempo posto aqui.
Sábado foi dia de manifestação de solidariedade aos palestinos em Rotterdam.
O que se notou: quase todos os manifestantes, com exceção de militantes de esquerda, aparentavam ser imigrantes ou descendentes de imigrantes do Oriente Médio. E quase todas mulheres. Tudo falado em holandês. Os holandeses com pinta de nativos que passavam ficavam indiferentes, com exceção de um, que gritou "Israel!".
NOTA PARA QUEM NÃO MANJA INGLÊS:
A legenda deste vídeo infelizmente possui vários erros de tradução...
Onde se lê "ou estão muito assustados", entenda-se "ou mesmo ter acesso ao sistema de saúde" (or even get health care).
Onde se lê "milhões de palestinos são presos sem razão", entenda-se "muitos jovens palestinos são presos sem razão" (many young palestinians go to prison for no reason).
Onde se lê "é roubo", entenda-se "é errado", (it's wrong).
Onde se lê "junte-se a nós pela paz, consciência e refúgio para crianças como nós", entenda-se "junte-se a nós pela paz, coexistência e um futuro real para crianças como nós" (take a stand with us for peace, coexistence and a real future for children like us).
Além disso, apesar de não falar nada de hebraico, aparentemente (segundo o áudio) shministim é o plural de shministit, de forma que o correto seria "eu sou um shministit", "nós somos shministim".