quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ano novo com (in)cultura de massas

Para não passar a virada do ano sozinho, fui com alguns colegas ao Nationale Nieuwjaarsnacht, em Rotterdam. Indiada pura. A cena: ao ar livre (com temperatura abaixo de zero, sentindo o frio penetrar pela sola dos sapatos), à beira do rio Maas, com vista para a Erasmus Brug cheia de luzes e efeitos especiais. Filas para o banheiro, filas para a cerveja, lixo pelo chão (tudo bem que em Copacabana deve ser muito pior). A música - se é que dava para chamar aquilo de música; o que seria, house? - era mais monótona do que o som de uma máquina de costura. E pensar que um dos meus filósofos favoritos viu no jazz uma regressão da audição. Qual seria a reação dele diante daquilo (house ou seja lá o que for): suicídio? Dirão que é música só para dançar e blábláblá, mas um par de neurônios não faria mal.

Lá pelas tantas um holandês (talvez vendo minha cara de profundo desânimo, irritação, tédio, etc.), me pergunta se estou gostando. E diz que os caras que estão tocando são muito famosos na Holanda, que se fosse em um lugar fechado teria que pagar 60 euros; portanto, pagar apenas 9 euros e por um show ao ar livre (ele parecia realmente ver como vantagem ficar exposto àquele frio de rachar os lábios) era uma grande barbada. Para mim foi uma fortuna. E preferia nem ter conhecido Ryan Marciano en Sunnery James, Ilse Delange, Lucien Foort, Estelle, HouseQuake, Junkie XL (que nomezinhos, hein?) - o pior de tudo é que para mim agora eles são "inesquecíveis"... A musiquinha pasteurizada da Ilsinha e da Estellinha ainda era o menos pior, as outras não tinha nem o que pasteurizar... argh! Ainda por cima, a breguice de um palco-navio, que ficava indo e vindo para que todos ao longo das margens do rio pudessem apreciar o som-pior-que-máquina-de-costura... boa metáfora da miséria da democracia de massas. Nunca mais, nunca mais!

Ao final, claro, não podiam faltar os fogos de artifício. Para o delírio da massa.

Pior experiência na Holanda até agora - mas é bem verdade aquilo poderia ter sido em qualquer país, e representa o fundo do poço (o ápice) da globalização da mercadoria.



Um comentário:

RUCA disse...

Gostos não de discutem mas.....
que tal esta? http://www.youtube.com/watch?v=ufOGzW761d8