terça-feira, 11 de novembro de 2008

Het Prinsehof

Het Prinsenhof é o museu de Delft localizado em uma casa onde viveu e morreu Willem van Oranje, o líder holandês da Guerra dos Oitenta Anos, na qual a Holanda conquistou sua independência do reino espanhol de Felipe II no século XVI. Willem é, portanto, uma espécie de herói nacional aqui. No museu é possível entender porque a região de língua holandesa se divide entre dois países - Holanda e parte da Bélgica: é que a parte dos Países Baixos que conquistou independência constitui o que hoje é a Holanda; a parte que permaneceu sob domínio espanhol é a Bélgica (Países Baixos Espanhóis). Daí uma certa diferenciação do holandês falado neste último país, por vezes chamado de flamengo; trata-se da mesma língua, no entanto, no máximo um dialeto.

A diferenciação não se deu apenas na língua: após a independência, a Holanda teve um rápido desenvolvimento capitalista, atingindo seu apogeu no século XVII, tornando-se ponto atrator de filósofos, cientistas, artistas e livres-pensadores; enquanto a Bélgica espanhola por muito tempo ficou para trás. Para complicar: às vezes se fala em Países Baixos para referir-se à região histórico-geográfico-cultural que compreende a Holanda e a Bélgica de língua holandesa; e o nome oficial da Holanda é Países Baixos - Holanda do Sul e Holanda do Norte são duas províncias. Mas os próprios holandeses quase sempre falam Holland, e não Nederland. Nem eles se entendem.

Aliás, Delft beneficou-se muito com a era de ouro holandesa, pois muitos de seus burgueses investiram na Companhia das Índias, depois que o comércio de cerveja entrou em declínio. A riqueza deste período é bem retratada por Vermeer. Pouco depois - e como conseqüência do comércio internacional holandês - a indústria da porcelana floresceu. A Delft Blue é famosa até hoje.

Uma pena que o museu trate a Guerra dos Oitenta Anos de forma puramente idealista, como se eles tivessem guerreado por oitenta anos apenas por visões religiosas - Willem era protestante e defendia a liberdade religiosa, enquando o reino espanhol alinhava-se com Igreja. Nenhuma palavra sobre a ascensão do capitalismo, da burguesia e sua sede de secularização, e a íntima relação do protestantismo com isso. Pedir uma análise marxista talvez seja demais, mas pelo menos um pouquinho de Max Weber não faria mal. E para completar, um vídeo no qual eles comparam o assassino de Willem com o fanático islâmico que assassinou o cineasta Theo van Gogh no século XXI. Circunstâncias histórias completamente diferentes, uma clara propaganda anti-islâmica. Aliás, Willem van Oranje foi assassinado nesta casa, supostamente nesta escada aí:


A história oficial (pouco crível) diz que suas últimas palavras foram: "Meu Deus, tende piedade desta alma; meu Deus, tenha piedade deste povo [holandês]".

A pena do assassino de Willem (o infeliz foi capturado!) foi a seguinte: mão direita queimada com ferro em brasa, carne de seu corpo arrancada de seus ossos com pinças em seis diferentes locais, esquartejamento em vida, coração arrancado de seu peito e esfregado no rosto e, finalmente, cabeça arrancada. Para inquisidor nenhum colocar defeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Diante dessa pena, os sacrifícios selvagens dos Incas tornam-se coisa de neófitos!
eneida

Cintia Godoy disse...

Meu Deus que horror!!!
Até fiquei feliz de já estar no século 21.