quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Leituras

"Messieurs, je n'ai point l'honneur d'appartenir à votre classe, vous voyez en moi un paysan qui s'est revolté contre la bassesse de sa fortune".

[Senhores, não tenho de forma alguma a honra de pertencer à sua classe, vocês vêem em mim um camponês que se revoltou contra a baixeza de seu destino.]

A frase de Julien Sorel durante seu julgamento resume bem o enredo de Le rouge et le noir [O vermelho e o negro] (Stendhal), que acabei de ler. O humilde mas ambicioso e inteligente Sorel acaba mal por ser bom em um sistema social no qual o que importava era mais a casta do que o mérito. Julien tinha de usar escadas clandestinas para ter acesso às mulheres nobres que amou. Do talento tolhido ao crime, a distância é curta.

Difícil deixar de pensar nas instituições do Brasil, inclusive aquelas que deveriam ser os bastiões da chamada coisa pública; ainda estamos à espera dos nossos jacobinos. Mas em tempos de decomposição decrépita do capitalismo (como bem previu Marx e sempre relembra Robert Kurz), talvez seja tarde demais para reformas...

A próxima leitura é Figuranten, de Arnon Grunberg, em holandês, dentro do projeto de voltar a Porto Alegre falando esta língua. O projeto também inclui traduções de textos inéditos em português dos comunistas de conselhos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Daniel o teu projeto é falar holandês e o meu é estudar inglês.Será um pouco tarde? Não sei.
eneida

Anônimo disse...

Mas o merito nao é um conceito muito relacionando ao capitalismo?