quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O bairro das luzes vermelhas

Impossível deixar de visitar esse famoso bairro - mais conhecido como Red Light District, em Amsterdam. Imagine um shopping center em um domingo em Porto Alegre, cheio de gente. Imagine que seja ao ar livre, e imagine que nas vitrines as mercadorias sejam mulheres. Assim dá para ter alguma idéia do que seja o lugar, mas para saber mesmo só vendo. Ainda por cima não são só mulheres: elas convivem lado a lado com restaurantes, sex shops e casas de sexo explícito, lojas de roupas, estúdios de artistas. Muita gente vai lá para fazer uma social, jantar, etc., incluindo muitas mulheres. A polícia se faz presente, discretamente. Um dos pontos de maior concentração de luzes vermelhas é nas imediações de uma igreja.

Não tirei fotos, obviamente é proibido. Até poderia ter tirado fotos panorâmicas, mas como estava sozinho, reconhecendo o terreno, preferi não arriscar. No final desse post seguem fotos que peguei da internet, mostram bem o que é o distrito, com a diferença de que quando eu fui tinha muito mais gente. Caminhando pela rua estreita junto com muita gente (homens e mulheres), o canal de um lado, mulheres na vitrine do outro. Em várias dessas vitrines dá para ver o boudoir delas. Uma das mais bonitas abre a porta de vidro e me chama:

- Hello!
- Hello.
- Wanna come in?
- Maybe...
- It's 50 euros. Where are you from?
- Brazil, and you?
- Greece. It's cold here, wanna come in?
- Maybe later...
- Ok, whatever...

E fecha a porta.

A prostituição existe no mundo inteiro, mas só mesmo na Holanda para ver algo assim. Sob as luzes vermelhas se revela a dialética do iluminismo: por um lado, a regulamentação da prostituição expressa os melhores ideais de tolerância e manda às favas os preconceitos religiosos, representando talvez uma utopia do prazer sem tabus; por outro, a prostituição é a coisificação levada ao limite, na qual o próprio corpo da mulher é transformado em mercadoria. Sabe-se lá quanto sofrimento se esconde no subsolo daquelas vitrines.

Diga-se de passagem: por trás de toda vitrine existe uma história de dominação, exploração, sofrimento, proletarização - por isso argumentos moralistas contra a prostituição são pouco convincentes. O processo de proletarização-produção é esquecido sob as luzes do consumo, não importa a cor. "Toda reificação é um esquecimento" (Adorno). Mas é muita teoria para um puteiro a céu aberto, não?





3 comentários:

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=sApUBUg4V_w&feature=related

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

eu to louca para cnhecer a holanda ! Tdos falam qe é um dos países mais badalados da europa ! A belgica e alemanha tbm parece serem bem interessantes !